Especial de Rosh Hashaná

Rosh hashaná é o nome em hebraico do ano novo judaico e significa traduzindo literalmente “cabeça do ano”.

A cultura judaica é cheia de comidas especiais, típicas, tradicionais e cheias de significados que estão para além do prato!

Rosh hashaná é uma grande festa rodeada de comidas muito simbólicas que projetam tudo aquilo que se deseja para o ano que está começando.

A festa de Rosh hashaná marca o início de um novo ano no calendário judaico, que é diferente do calendário solar, pois o no calendário judaico o tempo é marcado pelas fases da lua e os meses ganham outros nomes.

Muitas tradições estão envolvidas na celebração do ano novo, tais como: Elevar os pensamentos, não proferir palavras ofensivas, dar doces para amigos e parentes, recitar salmos, são algumas delas…

Mas na mesa de rosh hashaná conseguimos ver por detrás de receitas incríveis o que todos os judeus esperam para o ano que se inicia e por isso vou mostrar algumas receitinhas que podem ser utilizadas em rosh hashaná e contar um pouquinho sobre os ingredientes principais e seus significados na tradição judaica, lembrando que todas as receitas do site Jornada Vegana são obviamente veganas e por isso não há receitas com mel, que é um alimento muito tradicional na festa, aqui o mel foi substituído por melado!

Alimentos simbólicos da festa

Maçã – A maçã é uma das frutas indispensáveis da festa e segundo a tradição ela é servida para ser mergulhada no mel (no nosso caso, melado) e recebe uma benção toda especial para que o ano que está iniciando seja também doce, tal como aquela maçã!

Acelga e alho poró – Esses dois alimentos tem um significado de fácil compreensão, pois em ambos existem partes que a maioria das pessoas não comem, no alho poró é a parte mais verde (pois o sabor do alho poró está concentrado na parte branca e verde clarinha) e na acelga é o inverso, removemos o talo e ficamos com a parte verdinha…Esses dois alimentos expressam o desejo que nossos inimigos, perseguidores, e pessoas que desejam o mal pra nós sejam, assim como as partes que não usamos desses alimentos, ‘retirados’ de nossos caminhos.

Romã – Essa fruta é também um dos principais itens da festa pois possui muitas sementes e faz com que cada um reflita sobre a quantidade de bons atos que poderá fazer ao longo do ano que se inicia…. Na Torah, o livro da lei judaica escrita por Moisés, conta-se 613 preceitos que devem ser observados pelo povo judeu e quando olhamos para a Romã vemos inúmeras sementes que nos fazem lembrar desses preceitos e como eu escrevo no post de geleia de romã ela é ótima para a nossa saúde tal como os preceitos ensinados na Torah, que quando compreendidos e colocados em prática para promover o bem na terra, podem fortalecer não apenas aqueles que os praticam mas como todos ao redor. Como nem todos conseguem encontrar romãs vale a pena apostar em uma bela cesta de frutas que possuem muitas sementes, tais como o mamão, melão e até mesmo goiaba, pois assim ainda que não haja uma romã na mesa é possível trazer a memória a mensagem principal!

Abóbora e feijão de corda ou roxinho – A abóbora e o feijão representam o desejo que os méritos se multipliquem, pois veja quantas novas abóboras podem nascer de uma única e quantos novos feijões um único é capaz de dar origem! E quem é que não deseja que suas boas ações desencadeiem centenas de outras não é?!

Cenoura – A cenoura está relacionada a prosperidade, principalmente porque em rosh hashaná é costume cortá-la em rodelas para que elas pareçam moedinhas de ouro…E quanto a isto ninguém tem dúvida de que tanto no ano novo judaico quanto no ano novo de todas as outras culturas todo mundo deseja-se prosperidade!

Mel / melado – O mel está presente em muitos pratos da mesa de rosh hashaná não apenas pelo seu sabor doce, mas também porque em hebraico mel se chama ‘davash’ e segundo a kabbalah o valor numérico dessa palavra é o mesmo que o da expressão ‘Av ha Rachamim’ que é literalmente traduzido como Pai de Misericórdia, por isso come-se mel para que os duros decretos sejam amenizados pela misericórdia divina e para que o ano seja doce como o mel. Para a alegria dos veganos em hebraico melado também pode ser chamado de davash -há ainda a possibilidade da palavra ‘mlassah’, mas essa é uma adaptação do inglês e por isso fica a critério do falante escolher qual usar. (Em hebraico cada letra do alef-beit -alfabeto hebraico- tem um valor numérico associado, por isso é possível calcular o valor numérico de palavras e frases e associar a outras palavras e frases com o mesmo valor, isto é uma parte do vasto universo de estudo da kabbalah judaica).

Challot – Challot é o nome (no plural) que recebem os pães judaicos, em geral as challot são pães trançados e em rosh hashaná as challot recebem um formato diferente, pois se rosh hashaná é literalmente ‘A cabeça do ano’ por que não a coroamos?! Então os pães são feitos de forma redonda simbolizando uma coroa… Mas não para por ai não!

A forma arredondada faz com que pensemos que a vida é de fato cíclica e que um novo ano marca o início de um ciclo igualmente novo…E como justamente pela forma circular pode-se expressar o quanto cada um deve desejar por ter um ano sem ‘arestas e pontas’, que são brigas, desavenças, conflitos e guerras… Mas de contínua paz e harmonia! (A challah -termo no singular- é na verdade o nome da parte da massa do pão que se retira para abençoar aquela massa, mas como essa é uma cultura judaica o ‘pão judaico’ ficou conhecido pelo nome desse ato, pão em hebraico é chamado de ‘lechem’ – o ‘ch’ deve ser lido como ‘rr’).