Em poucos livros eu me identifiquei tanto, com os dilemas de um personagem, quanto no livro do Alexandre Kostolias “O exilado político vegetariano”(Editora Jaguatirica).
Nós, vegetarianos e veganos nos acostumamos a ler, e perceber histórias e romances sendo contados sempre por um prisma completamente alheio. Os embates, os dilemas e anseios são quase sempre tocantes, mas dificilmente nos vemos, tão por dentro das histórias, quanto em um enredo, onde o personagem principal é um vegetariano, ainda que seja um vegetariano diferente de nós… Existe ‘aquele lance’ de empatia sabe?!
Há muitos tipos de vegetarianos, existem diferentes formas de vivenciar o vegetarianismo, pelo simples fato dos vegetarianos serem pessoas com culturas, mentes, criações e anseios diferentes… Eu não me assemelho em muitas coisas ao Hernán (personagem principal do livro), mas mesmo que nós tenhamos inúmeras diferenças, pela primeira vez, em muitos anos, pude ler um livro, onde me senti ‘na pele’ do personagem principal e perceber, que existem alguns pontos, que são realmente comuns à maioria dos vegetarianos.
O livro é um romance, narrado com uma riqueza de detalhes arrebatadora, baseado em fatos reais e que conta a história de um jovem, que se tornou preso político, pelo simples fato de ser vegetariano. Ele decide ir atrás de sua liberdade e sai do seu país (Argentina), pela sua jornada de vegetariano exilado político, ele busca o que boa parte de nós, vegetarianos, buscamos: Um grupo para se sentir pertencente, um amor para chamar de verdadeiro, uma liberdade para poder vivenciar as suas preferências, e um modo de vida mais centrado em compaixão, equilíbrio e não violência.
O livro fala de assuntos que mexem com a vida de todos nós, e o que mais me encantou, foi a busca de Hernán pela liberdade.
Esse livro me fez refletir, sobre o que de fato é ser livre!
- Poderíamos ser livres em outra pátria?!
- Poderíamos ser livres, entre os que de algum modo pensam, nos mesmos ideais que nós?!
- Poderíamos ser livres dentro de uma cultura totalmente diferente, da que singelamente chamamos de ‘nossa’?!
- Poderíamos ser livres onde estamos agora?!
Inegavelmente, em uma época, onde ser vegetariano ainda era algo muito diferente, em um país, onde a pecuária era motivo de orgulho, ser vegetariano era de algum modo ser um solitário… E a solidão de Hérnan, o levou até diferentes lugares, onde ele acreditou que seria aceito e onde talvez, pudesse aflorar aquele sentimento que todos nós amamos: O de pertencimento, pois é isso que nos faz perceber, que não estamos sozinhos no mundo e que podemos contar com outras pessoas… Mas, será que ter vegetarianos por perto é o suficiente, para que nos sintamos pertencentes a um grupo?
O livro me proporcionou uma linda viagem, a muitos lugares e épocas diferentes, e uma incrível imersão em uma história, cheia de questionamentos e descobertas… Esse é o tipo de livro com o qual sonhamos e imaginamos, permanecer na companhia do personagem principal, pois é possível sentir-se tão dentro da história, que ele se torna um amigo.
Eu, Debbi C’ruz, recomendo a leitura do ‘Exilado político Vegetariano’ a todos vocês, que são amantes de bons enredos, e a todos aqueles que sentem falta de mais representatividade nas histórias, novelas e artes…
Um grande beijo libertário a todos vocês, Debbi C’ruz.