Alan e Marina – de Cumuruxatiba, BA
Ele era onívoro e eu ovolactovegetariana quando nos conhecemos em São Paulo em 2012, mas logo tive contato com o veganismo, graças às redes sociais.
As informações dos processos violentos que ocorrem para disponibilizar os produtos de origem animal ao consumidor me tocaram profundamente e logo eu estava vivendo de acordo com a ética vegana.
Alan havia diminuído drasticamente o consumo de carnes mais ou menos na mesma época. Havia se mudado para o sul da Bahia e só consumia carnes – de qualquer espécie – fora de casa.
Um bom tempo se passou assim até que resolvemos morar juntos em Cumuruxatiba. Muitas mudanças, emoções a mil e me vi insegura em relação a tantas coisas (que na época nem percebia) e cedi aos efeitos opiáceos do queijo novamente. E ao leite condensado. Essa minha recaída, por outro lado, foi exatamente junto com a decisão dele de diminuir ainda mais o consumo de carne. Ele comia peixe raramente, fora de casa, e nossa alimentação diária era basicamente a mesma, exceto por um ou outro ovo que ele consumia.
No início de 2015 percebi que não estava sendo coerente com minhas crenças nas minhas escolhas alimentares, e diminuiu também minha insegurança sobre o que fazermos de comida no dia a dia. A princípio, a preocupação maior era sobre as opções de paladar pro Alan, porque um viciado em sabor de carnes nem sempre consegue distinguir a gama de sabores do mundo vegetal e acha-o sem graça. Mas sabíamos que já não era mais o caso dele.
Retornei ao veganismo com muita alegria e o coração em paz. Alguns meses depois, pós assistir “Cowspiracy (A Conspiração da Vaca – o segredo da sustentabilidade)”, Alan não conseguiu mais continuar a consumir produtos de origem animal. A maior parte da comida em casa já era vegana, mas essa decisão dele por questões ecológicas foi uma linda mudança e hoje temos um ao outro para nos fortalecer nessa caminhada.
Nossos cães estão também em transição para a dieta vegana, e não têm reclamado muito dos sabores não! Os gatos apresentam mais resistência… Ainda estamos descobrindo do que eles mais gostam e nos atentando às questões nutricionais, mas acreditamos que logo seremos um lar 100% vegan!
Moramos numa pequena vila, a oferta de oleaginosas, frutas secas e mesmo a variedade de leguminosas não é grande, produtos prontos especializados em público vegano não há. Produzimos uma boa parte do que consumimos aqui, aprendemos e inventamos receitas, e posso dizer que a pouca oferta não é um grande empecilho, pois quando queremos algo específico fazemos compra online e tudo chega pelo correio sem problemas.
Moramos longe da nossa família e aqui nossos amigos mais próximos são veganos, vegetarianos ou simpatizantes da causa, o que torna tranquilo nosso convívio social em termos alimentares. Nossos familiares também vêem com bons olhos nossa opção e existem outros vegetarianos na família.
Nossa alegria com a nossa escolha eu acredito ser uma chave para esse sucesso nos relacionamentos. As pessoas em um momento ou outro vão perguntar os porquês e estamos dispostos a responder amorosamente a essas questões incentivando sempre pelo caminho sem crueldade, mas acreditamos que se tentarmos convencer as pessoas de modo impositivo é muito pior que esperar o tempo de cada um. Seguimos dando o exemplo quase silencioso de que é possível, saudável, simples e muito gratificante ser vegano!