Conheça a história do casal Gisele Braga & Vinícius Souza – Quando nem mesmo a distância consegue apagar o amor!
Eu (Gisele) e o Vinícius nos conhecemos no primeiro ano da graduação em Letras, mas só começamos a namorar no final do terceiro ano. Concluímos o curso juntos, em 2011. No ano seguinte, fizemos especialização na mesma universidade e no início de 2013, já com dois anos de namoro, o Vinícius foi para Campinas fazer o mestrado em Teoria Literária e eu fiquei em Belém, fazendo mestrado em Linguística. Desde lá até agora, o nosso namoro é à distância.
Em fevereiro de 2015, Vinícius decidiu parar de comer carne, pois já não gostava do sabor dela. Ele, inclusive, já havia ficado um bom tempo sem comer carne vermelha, mas esse ano decidiu parar de comer todos os tipos e adotar uma dieta ovolactovegetariana. A partir daí, o Vinícius procurou maiores informações sobre o vegetarianismo e tomou ciência do tratamento cruel dado aos animais pela indústria da carne. Ele me mostrava receitas, falava de grupos do facebook e me mandava links falando sobre a indústria da carne, mas eu nunca olhava e dizia para ele não me mandar nada porque eu não queria ver. Ele respeitou. Eu sabia que havia algo de cruel por trás da carne que eu comia, mas não queria enxergar. Tanto que eu me sentia incomodada quando ele perguntava o que eu tinha almoçado, por exemplo. Um dia do mês de julho desse ano, depois de já tomar conhecimento do veganismo e adotar essa filosofia de vida, ele me mandou um vídeo sobre a indústria do leite, no qual a filósofa Sônia T. Felipe falava sobre a crueldade e o impacto ambiental envolvidos na produção de leite e derivados. Eu assisti e fiquei muito chocada. Decidi, então, parar de consumir carne e derivados de leite. Ele pediu que eu fosse com calma, mas com apenas uma semana sendo ovolactovegetariana, decidi me tornar vegana. Foi bastante abrupto, mas a minha vontade de não contribuir para exploração animal era maior que tudo. Desde, então, construímos o nosso conhecimento sobre o veganismo juntos.
Tudo o que descobrimos, compartilhamos um com o outro. Vinícius viu Terráqueos e isso só reforçou o que ele já sentia. Eu ainda não tive coragem de ver, mas assisti outros documentários, como Cowspiracy.
Quando estamos juntos, não enfrentamos dificuldades. Esse ano, eu fui para Campinas duas vezes e lá costumávamos fazer a nossa comida ou ir aos restaurantes vegetarianos da cidade.
O convívio com amigos é tranquilo. Cada um com seus amigos, já que namoramos à distância. Mas nós dois temos o desejo de ter amigos veganos. Acreditamos que conviver com pessoas que nos compreendam e vejam o mundo como nós vemos seria bastante enriquecedor. Já com os familiares é um pouco mais complicado. Digo isso por mim, já que moro com meus pais, irmã e avó. Eles não aceitaram bem de início. Aqui em casa, sempre fomos acostumados a consumir bastante carne, principalmente, a vermelha. Acredito que ainda me acham louca, mas foram vencidos pela minha insistência. Minha mãe e avó, inclusive, sempre fazem questão de preparar algo para mim. Não entendem, mas aceitam e se esforçam para me agradar. Com a família do Vinícius já foi diferente. A mãe dele se sensibilizou com o sofrimento dos animais e parou de comer carne vermelha, frango e peixe, ficando apenas no camarão. Vemos isso com bons olhos, já que não é fácil mudar já tendo mais de 50 anos e ela se empenhou bastante. O pai foi na mesma “onda”. Em setembro desse ano, Vinícius passou um tempo na casa dos pais e eu também fui. Lá, nós fazíamos o almoço todos os dias e a mãe dele sempre ajudava na preparação dos pratos. Foi muito legal.
Acreditamos que não exista problemas quando os dois são veganos/vegetarianos, tirando os problemas típicos de qualquer casal comum. Um detalhe interessante é que estávamos em crise no namoro antes de nos tornarmos veganos e o veganismo trouxe um gás para o nosso relacionamento. Tudo foi renovado. Podemos dizer que o veganismo salvou o nosso namoro. Adotar essa filosofia de vida nos fez admirar mais um ao outro.
No mês passado, nós soubemos que fomos aprovados no doutorado da UNICAMP e, ano que vem, mudarei para Campinas. Finalmente, estaremos próximos de novo depois de quase três anos namorando à distância. Mês que vem, completaremos cinco anos de namoro e não poderíamos estar mais felizes.